O que esta mulher está fazendo aqui? A coragem de Alceste no Banquete de Platão
DOI:
https://doi.org/10.30972/nvt.0143708Palavras-chave:
Platão, banquete, alceste, gênero, pederastiaResumo
Este artigo objetiva analisar a menção de Fedro à Alceste em seu discurso de elogio a Erōs no Banquete de Platão, buscando compreender a função deste exemplo, verificando a utilização da personagem como modelo relacionado à virtude da coragem (andreia), tipicamente relacionada à masculinidade, e a comparação com os personagens de Orfeu e Aquiles. No elogio, Fedro, após tratar da origem e das virtudes de Erōs, demonstra o poder do deus referenciando o amor na relação pederástica, exclusivamente homoerótica, entre erastēs, amante, e erōmenos, amado. Afirma que se um exército ou toda uma cidade fossem formados por erastai e erōmenoi esta seria a melhor maneira de convivência. Após afirmar que até mesmo as mulheres seriam capazes do maior ato de amor possível, morrer pelo amado ou amada, é inserido o exemplo de Alceste, que morreu no lugar de seu marido Admeto. Uma série de intérpretes identifica no texto o que seria a utilização de terminologia relacionada à pederastia, que pressupõe relação entre homens, para designar o relacionamento heterossexual da personagem, entendemos que isso não ocorre. O objetivo deste artigo é questionar a interpretação comum da inserção de Alceste na dinâmica da pederastia, se distanciando das implicações que esta leitura traria para a compreensão da função da personagem no discurso de Fedro. A análise será desenvolvida em dois momentos: primeiro, se verificará a menção da personagem como primeiro exemplo de performance de uma virtude tipicamente masculina no contexto de um discurso e de um diálogo que apresentam quase que exclusivamente referências à masculinidade; num segundo momento, se analisará a relação estabelecida por Fedro entre as personagens e as histórias de Alceste, Orfeu e Aquiles.
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